Intervenção pedagógica sobre Avaliação diagnóstica de
Filosofia (3° anos)
Professor Marcos André
As
questões mais erradas na avaliação diagnosticas referente ao conteúdo de
Filosofia abordavam os seguintes tópicos:
·
Reconhecer que o
agir humano é de natureza valorativa.
·
Distinguir e
circunscrever a esfera da moral como o lugar das ações e escolhas humanas, das
normas e dos valores.
Para elucidar o assunto, segue o conteúdo de intervenção
pedagógica:
A
condição humana
Sabemos que
Antropologia (anthropos, "ser humano" e logos, "razão",
"pensamento", "discurso", "estudo”)
é a ciência que estuda o ser humano e as diferentes culturas. Contudo, a Antropologia
Filosófica é a reflexão da condição humana, o questionamento do que é o ser
“humano”.
Assim, a Antropologia
filosófica é a reflexão do conceito que o homem faz de si mesmo.
“A antropologia filosófica é a antropologia
encarada metafisicamente; é um ramo da filosofia que investiga a estrutura
essencial do Homem. No entanto, este com o que é o homem para o centro da
especulação filosófica, sendo que tudo se deduz a partir dele; a partir dele se
tornam acessíveis as realidades, que o transcendem, nos modos de seu existir
relacionados com essas realidades”.
Natureza
e cultura
A diferença
essencial da criatura humana com outros seres vivos se da existência da
“razão”, o ser humano é um “ser racional”.
Os animais vivem em
harmonia com a natureza, pois seus instintos são regidos por leis biológicas,
por outro lado, o “homem” é transformador da natureza e o resultado dessa
transformação chama se “cultura”.
Os animais não
alteram significativamente a natureza ao contrário do ser humano que afeta
radicalmente o espaço ao ponto de causar até mesmo desequilíbrios ambientais.
“Tornar-se
homem”
Imagine uma criança humana
que seja largada no meio da floresta e sobreviva, por uns dez anos sem nenhum
contato com a sociedade humana. Um dia, ela é encontrada pela civilização, as
pessoas vão encontrara uma criança normal?
Óbvio que não! Essa
criança humana em existência, não foi criada e não adquiriu a “cultura humana”
(A fala, Concepções de comportamento, moral, etc)
Assim, nos deparamos
com a questão do “Homem não nasce homem” pois precisa da “educação” para se
“humanizar”.
Logo, compreendemos
a fala de Simone de Beauvoir, sabemos que o ser humano nasce biologicamente de
um tipo, mas a crença de como agir é uma construção humana, passada por meio da
educação.
Afinal, usar a cor
rosa é coisa de mulher e azul é cor de homem? Isso é natural ou uma criação
humana? Obvio que é uma criação humana, precisamente da moda (Um revista de moda
infantil americana, a Earnshaw em 1918)
Percebemos a crítica de Simone
Beauvoir, olhando para seu tempo onde a mulher era vista como
uma criatura que deve ser submissa ao homem, cujo “deveres” de mulher seriam
“naturais”, mas se pararmos para pensar, tudo isso é uma criação humana ...
Agora que entendemos o contexto, não faz tanto
sentido a polêmica não é mesmo?
O ser humano tem os
mesmos instintos que os animais mas tem consciência, para orientar no controle
de si mesmo. A sociedade humana surge pois o ser humano é o ser capaz de criar
“leis”, regras para viver em comunidade.
“Existe
uma natureza humana universal?”
Para os principais
pensadores da antiguidade defendiam que existe uma natureza humana e a
plenitude do ser humano estaria no aperfeiçoamento da razão.
Contudo, da
perspectiva existencialista diz o contrário como vimos na celebre frase de
Sartre: “A existência precede a
essência”.
O ser humano
primeiramente existe, tem suas experiências de vida e daí vai formando sua
essência, o seu “eu”.
Moral e Ética
Ao
fazer juízos de realidade inevitavelmente
somos levados a fazer “juízos de valor”. Valorar é uma experiência
fundamentalmente humana.
Ex: Essa caneta é vermelha (Juízo de realidade)
Essa caneta não é melhor do que a azul (Juízo de valor)
Valores morais
Moral (vem
do latim moralis "maneira, caráter, comportamento próprio") refere-se
ao conjunto de “regras de conduta” consideradas válidas para um grupo ou para
uma pessoa. Os valores em parte são herdados da cultura e em tese, existem para
que a sociedade subsista.
Os valores morais então são condições de
repressão humana? Evidentemente que não, Sabemos que os grupos humanos
precisão de regras para viver bem, não importa a época ou lugar, todas as
comunidades têm necessidade formal de
regras morais.
Uma boa
analogia é:
O SEMÁFORO
Voltemos aos sinais do semáforo: verde, amarelo e vermelho. Não existem para
proibir. O verde do siga em frente, em geral, fica mais tempo aceso onde o
fluxo é maior. O vermelho é uma proibição positiva: salva vidas e preserva o
direito do outro. A moral funciona como um semáforo: mais permite do que
proíbe, contempla o direito de todos e regula as relações humanas em função de
um projeto maior que é o amor fraterno.
José F. de Oliveira (Padre Zezinho)
A crise moral
Algumas
regras valem em determinadas circunstancias e deixam de valer quando ocorrem
alterações nas relações humanas. O confronto continuo entre moral constituída
(herdada) e moral constituinte (crítica aos valores ultrapassados) é essencial,
pois a discussão constante dos valores vigentes verifica se eles são a favor da
vida ou da alienação.
O sujeito Moral
Surge
quando ao responder a pergunta: “Como
devo viver?”, o faz com pretensão de validade universal. Ninguém nasce
moral, torna-se moral, superando o egocentrismo infantil e sendo capaz de “con-
viver”.
Ser virtuoso
Quando
falamos em virtuoso, é comum que nos venha a imagem de alguém amável, dócil,
capaz de renúncia e pronto para servir os outros. Nietzsche (1844/1900) critica
essa concepção levando em conta a etimologia da palavra Virtude, que vem do
latim Virtus, “Poder”. Portanto o
virtuoso é o forte, aquele que tem força para agir conforme o dever.
A problemática da liberdade
O
homem é livre? E os “determinismos? Sejam psicológicos, genéticos e até
sociais? Como se pode ser livre diante deles?
A condição
para liberdade é a “consciência”, O filosofo francês Alain (1868/1951)
transcreve esse sentido de consciência através de um relato: “Quando eu era pequeno e antes que tivesse
visto o mar, acreditava que os barcos iam sempre para onde o vento os
empurravas”. Mas, na verdade o
velejador aprendeu a conhecer o mar, o vento, a vela, o caso para saber aplicar
a inteligência e dirigir o barco para a direção escolhida.
Veja a Declaração dos direitos do homem e do
cidadão:
Art 6: “A
liberdade é o poder próprio do homem de fazer tudo aquilo que não conflite com
os direitos de outro”.
Há uma profunda relação entre a “moral” e os
direitos humanos.
Noções históricas da moral e concepções Éticas
Agir
moralmente é agir de acordo com o bem e saber distinguir o bem do mal. Mas o
que é o bem? Qual o fundamento da moral? E a natureza do dever? Com essas
perguntas entramos no terreno da Ética.
- Sofistas (Sec V A.C): Para eles a moral é
apenas fruto de “convenções sociais”.
- Contrariando os
Sofistas, Sócrates buscava mostrar que o fundamento da moral estaria na
própria “natureza humana”.
- Aristóteles (385/322 A.C): Todas as atividades
humanas aspiram a um bem, dentre eles a Felicidade que não consiste nos
prazeres do corpo, mas sim na atividade da alma segundo a Razão.
- Hedonistas: (Hedoné = Prazer) A Felicidade consiste nos prazeres do corpo
(Literalmente). Contudo, Epicuro (341/271
A.C) Grande representante do desse movimento, afirmava que os prazeres do
corpo são fontes de sofrimento, portanto, a Felicidade encontra-se nos
prazeres da alma como a amizade e o amor.
- Filósofos e Teólogos medievais: A felicidade
encontra-se na vida futura realizando-se em Deus.
(A expansão do Cristianismo é marcada pela tradição
religiosa que identifica o homem moral como aquele temente a Deus)
- Moral Iluminista: “A Razão como uma luz”. A ação, moral é autônoma, a própria
Razão nos leva a atitude moral, conseguintemente Laica (Não religiosa) e
universalista, pois todas as culturas possuem um núcleo comum de valores.
- A Moral hoje: É marcada pelo “Desafio” de
superar as dificuldades que nos impedem da existência de uma vida moral
autêntica.
Conclusão:
A moral refere-se diretamente aos
costumes e regras que uma comunidade adota para viver bem.
Contudo,
esses valores nem sempre serão “claros”, aí entra a “ética, a reflexão crítica
da moral que visa uma ideia coletiva do que seria o “mais correto”.
Atividade cognitiva: A crítica de Nietzsche à Kant
No contexto filosófico, ética e moral possuem diferentes significados. A ética está associada ao estudo
fundamentado dos valores morais que
orientam o comportamento humano em sociedade, enquanto a moral são os costumes, regras,
tabus e convenções estabelecidas por cada sociedade.
1 - O filósofo alemão Immanuel
Kant disse “Age sempre de tal modo que o
teu comportamento possa vir a ser princípio de uma lei universal”. Tal
citação refere-se a sua ideia da “moral”. Que concepção seria essa?
2 - Contudo, outro alemão, Friedrich Nietzsche defendia que:
“Não há fenômenos morais, mas apenas uma interpretação moral de fenômenos”.
Explique como isso pode ser interpretado como uma crítica a ideia de Kant?