domingo, 10 de janeiro de 2021

Intervenção pedagógica sobre Avaliação diagnóstica de Filosofia (3° anos)

 

Intervenção pedagógica 

sobre Avaliação diagnóstica de Filosofia (3° anos)

Professor Marcos André

 

As questões mais erradas na avaliação diagnosticas referente ao conteúdo de Filosofia abordavam os seguintes tópicos:

·         Reconhecer que o agir humano é de natureza valorativa.

·         Distinguir e circunscrever a esfera da moral como o lugar das ações e escolhas humanas, das normas e dos valores.

Para elucidar o assunto, segue o conteúdo de intervenção pedagógica:

A condição humana

Sabemos que Antropologia (anthropos, "ser humano" e logos, "razão", "pensamento", "discurso", "estudo”) é a ciência que estuda o ser humano e as diferentes culturas. Contudo, a Antropologia Filosófica é a reflexão da condição humana, o questionamento do que é o ser “humano”.

Assim, a Antropologia filosófica é a reflexão do conceito que o homem faz de si mesmo.

“A antropologia filosófica é a antropologia encarada metafisicamente; é um ramo da filosofia que investiga a estrutura essencial do Homem. No entanto, este com o que é o homem para o centro da especulação filosófica, sendo que tudo se deduz a partir dele; a partir dele se tornam acessíveis as realidades, que o transcendem, nos modos de seu existir relacionados com essas realidades”.

 

Natureza e cultura

A diferença essencial da criatura humana com outros seres vivos se da existência da “razão”, o ser humano é um “ser racional”.

Os animais vivem em harmonia com a natureza, pois seus instintos são regidos por leis biológicas, por outro lado, o “homem” é transformador da natureza e o resultado dessa transformação chama se “cultura”.

Os animais não alteram significativamente a natureza ao contrário do ser humano que afeta radicalmente o espaço ao ponto de causar até mesmo desequilíbrios ambientais.

“Tornar-se homem”

Imagine uma criança humana que seja largada no meio da floresta e sobreviva, por uns dez anos sem nenhum contato com a sociedade humana. Um dia, ela é encontrada pela civilização, as pessoas vão encontrara uma criança normal?

Óbvio que não! Essa criança humana em existência, não foi criada e não adquiriu a “cultura humana” (A fala, Concepções de comportamento, moral, etc)

Assim, nos deparamos com a questão do “Homem não nasce homem” pois precisa da “educação” para se “humanizar”.

Logo, compreendemos a fala de Simone de Beauvoir, sabemos que o ser humano nasce biologicamente de um tipo, mas a crença de como agir é uma construção humana, passada por meio da educação.

Afinal, usar a cor rosa é coisa de mulher e azul é cor de homem? Isso é natural ou uma criação humana? Obvio que é uma criação humana, precisamente da moda (Um revista de moda infantil americana, a Earnshaw em 1918)

Percebemos a crítica de Simone Beauvoir, olhando para seu tempo onde a mulher era vista como uma criatura que deve ser submissa ao homem, cujo “deveres” de mulher seriam “naturais”, mas se pararmos para pensar, tudo isso é uma criação humana ...

Agora que entendemos o contexto, não faz tanto sentido a polêmica não é mesmo?

O ser humano tem os mesmos instintos que os animais mas tem consciência, para orientar no controle de si mesmo. A sociedade humana surge pois o ser humano é o ser capaz de criar “leis”, regras para viver em comunidade.

“Existe uma natureza humana universal?”

Para os principais pensadores da antiguidade defendiam que existe uma natureza humana e a plenitude do ser humano estaria no aperfeiçoamento da razão.

Contudo, da perspectiva existencialista diz o contrário como vimos na celebre frase de Sartre: “A existência precede a essência”.

O ser humano primeiramente existe, tem suas experiências de vida e daí vai formando sua essência, o seu “eu”.

Moral e Ética

 

            Ao fazer juízos de realidade inevitavelmente somos levados a fazer “juízos de valor”. Valorar é uma experiência fundamentalmente humana.

Ex: Essa caneta é vermelha (Juízo de realidade) Essa caneta não é melhor do que a azul (Juízo de valor)

 

Valores morais

 

            Moral (vem do latim moralis "maneira, caráter, comportamento próprio") refere-se ao conjunto de “regras de conduta” consideradas válidas para um grupo ou para uma pessoa. Os valores em parte são herdados da cultura e em tese, existem para que a sociedade subsista.

            Os valores morais então são condições de repressão humana? Evidentemente que não, Sabemos que os grupos humanos precisão de regras para viver bem, não importa a época ou lugar, todas as comunidades têm necessidade formal de regras morais.

Uma boa analogia é:

 

O SEMÁFORO

 

Voltemos aos sinais do semáforo: verde, amarelo e vermelho. Não existem para proibir. O verde do siga em frente, em geral, fica mais tempo aceso onde o fluxo é maior. O vermelho é uma proibição positiva: salva vidas e preserva o direito do outro. A moral funciona como um semáforo: mais permite do que proíbe, contempla o direito de todos e regula as relações humanas em função de um projeto maior que é o amor fraterno.

 

José F. de Oliveira (Padre Zezinho)

 

 

A crise moral

 

            Algumas regras valem em determinadas circunstancias e deixam de valer quando ocorrem alterações nas relações humanas. O confronto continuo entre moral constituída (herdada) e moral constituinte (crítica aos valores ultrapassados) é essencial, pois a discussão constante dos valores vigentes verifica se eles são a favor da vida ou da alienação.

 

 

 

 

O sujeito Moral

 

            Surge quando ao responder a pergunta: “Como devo viver?”, o faz com pretensão de validade universal. Ninguém nasce moral, torna-se moral, superando o egocentrismo infantil e sendo capaz de “con- viver”.     

Ser virtuoso

            Quando falamos em virtuoso, é comum que nos venha a imagem de alguém amável, dócil, capaz de renúncia e pronto para servir os outros. Nietzsche (1844/1900) critica essa concepção levando em conta a etimologia da palavra Virtude, que vem do latim Virtus, “Poder”. Portanto o virtuoso é o forte, aquele que tem força para agir conforme o dever.

 

A problemática da liberdade

 

            O homem é livre? E os “determinismos? Sejam psicológicos, genéticos e até sociais? Como se pode ser livre diante deles?

A condição para liberdade é a “consciência”, O filosofo francês Alain (1868/1951) transcreve esse sentido de consciência através de um relato: “Quando eu era pequeno e antes que tivesse visto o mar, acreditava que os barcos iam sempre para onde o vento os empurravas”.  Mas, na verdade o velejador aprendeu a conhecer o mar, o vento, a vela, o caso para saber aplicar a inteligência e dirigir o barco para a direção escolhida.

 

Veja a Declaração dos direitos do homem e do cidadão:

 

Art 6: “A liberdade é o poder próprio do homem de fazer tudo aquilo que não conflite com os direitos de outro”.

 

Há uma profunda relação entre a “moral” e os direitos humanos.

 

           

Noções históricas da moral e concepções Éticas

 

            Agir moralmente é agir de acordo com o bem e saber distinguir o bem do mal. Mas o que é o bem? Qual o fundamento da moral? E a natureza do dever? Com essas perguntas entramos no terreno da Ética.

 

 

  • Sofistas (Sec V A.C): Para eles a moral é apenas fruto de “convenções sociais”.

 

  • Contrariando os Sofistas, Sócrates buscava mostrar que o fundamento da moral estaria na própria “natureza humana”.

 

 

  • Aristóteles (385/322 A.C): Todas as atividades humanas aspiram a um bem, dentre eles a Felicidade que não consiste nos prazeres do corpo, mas sim na atividade da alma segundo a Razão.

 

  • Hedonistas: (Hedoné = Prazer) A Felicidade consiste nos prazeres do corpo (Literalmente). Contudo, Epicuro (341/271 A.C) Grande representante do desse movimento, afirmava que os prazeres do corpo são fontes de sofrimento, portanto, a Felicidade encontra-se nos prazeres da alma como a amizade e o amor.

 

  • Filósofos e Teólogos medievais: A felicidade encontra-se na vida futura realizando-se em Deus.

(A expansão do Cristianismo é marcada pela tradição religiosa que identifica o homem moral como aquele temente a Deus)

 

  • Moral Iluminista: “A Razão como uma luz”. A ação, moral é autônoma, a própria Razão nos leva a atitude moral, conseguintemente Laica (Não religiosa) e universalista, pois todas as culturas possuem um núcleo comum de valores.

 

  • A Moral hoje: É marcada pelo “Desafio” de superar as dificuldades que nos impedem da existência de uma vida moral autêntica.

 

 

Conclusão:

 

A moral refere-se diretamente aos costumes e regras que uma comunidade adota para viver bem.

 

Contudo, esses valores nem sempre serão “claros”, aí entra a “ética, a reflexão crítica da moral que visa uma ideia coletiva do que seria o “mais correto”.

 

                    

 

Atividade cognitiva: A crítica de Nietzsche à Kant

 

No contexto filosófico, ética e moral possuem diferentes significados. A ética está associada ao estudo fundamentado dos valores morais que orientam o comportamento humano em sociedade, enquanto a moral são os costumes, regras, tabus e convenções estabelecidas por cada sociedade.

 

1 - O filósofo alemão Immanuel Kant disse “Age sempre de tal modo que o teu comportamento possa vir a ser princípio de uma lei universal”. Tal citação refere-se a sua ideia da “moral”. Que concepção seria essa?

 

2 - Contudo, outro alemão, Friedrich Nietzsche defendia que: “Não há fenômenos morais, mas apenas uma interpretação moral de fenômenos”. Explique como isso pode ser interpretado como uma crítica a ideia de Kant?

 

 

 

                                                                   

 

 

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário