quarta-feira, 21 de outubro de 2020

PET 5 = 2 TEORIA DO CONHECIMENTO NA IDADE MÉDIA

 


Para entender o conhecimento na Idade média, temos que falar em todo a fase da Filosofia medieval, de quebra, vou lhes apresentar dois pensadores de destaque nesse período:

O cristianismo entra em cena pretendendo ser ao mesmo tempo, guia prático de vida (Moral) e “verdade”. Contudo a complexidade da mensagem evangélica suscitou uma série de problemas de grande porte;

1 - Problemas textuais - Seleção dos textos “inspirados”, pois bíblia é um conjunto d e livros e os filósofos /teólogos deveria saber selecionas os falsos e os verdadeiramente inspirados por Deus;

2 – Problemas de coerência entre o antigo e o novo testamento;

3 – Problemas teológicos - Como a fixação dos dogmas.

 Sobre a base dessas grandes questões era claro o esforço para definir a identidade do cristão o que ocorre em três períodos:

 1º Padres apostólicos (Séc. I d.C.) Que destacavam os interesses “morais” e “ascéticos” (que se volta para a vida espiritual), com privação dos prazeres do corpo;

2º Padres apologistas (Séc. II d.C.) Defesa do cristianismo com base na Filosofia;

3º Patrística (Séc. III d.C.) que usou a filosofia de forma sistemática para dar uma base racional para a “revelação” (Principalmente a de Platão.

 Assim, o problema central da filosofia cristã era o de conciliar as exigências da “razão” com as “revelações divinas” (Fé), o que podemos separar em dois momentos históricos: A Patrística (Séc. III d.C.) e a Escolástica (Séc. X à XIV d.C.)

 

Santo agostinho e o filosofar na fé

O neoplatonismo de Plotino (201/270 d.C.) mudou o modo de pensar de Agostinho (354/430 d.C.) levando a romper com o materialismo. Cativado pela fé, seu pensamento adquiriu nova essência, nascia o “filosofar na fé”.

A postura do “credo guia absurdum” (“Creio no absurdo”, pela fé) causava estranheza à Agostinho, pois segundo ele, a fé não substitui ou elimina a razão: A Fé seria um pre-conhecimento em relação à razão, mas esta, pode e deve transpor criticamente as “verdades da fé”.

Para entender essa perspectiva, devemos analisar a “Teoria da iluminação” de Santo Agostinho.

“Como é possível fazer conceitos imutáveis se tudo está em devir?”

Embora o platonismo seja uma forte influência na filosofia de Agostinho, ele não poderia aceitar a teoria do conhecimento do mesmo, A teoria da reminiscência que se baseava em outra vida. Afinal no dogma do cristianismo só há uma vida. Logo, Agostinho formulou sua teoria da iluminação:

Deus no ato da criação nos torna participantes do ser e da verdade sendo ele próprio a fonte da dela. A “suprema verdade” de Deus seria a “luz” que ilumina a mente humana no ato de conhecer.

Outra reflexão filosófica de Agostinho que merece atenção, foi o “problema do mal”: “Se tudo provem de Deus que é bom, de onde surgiu o mal?”

 Superando o dualismo maniqueísta (Crença de que tudo se resume à luta do bem contra o mal) Agostinho formulou três perspectivas acerca do problema do mal: 

1 – Mal metafisico (Ou ontológico): O mal não existe! O que que existe são grãos inferiores de ser em relação à suprema perfeição (Deus);

2 – Mal moral (Pecado): Surge da má contudo do ser humano em relação ao seu livre arbítrio (liberdade);

3 – Mal Físico (Doença, morte etc.): é consequência do mal moral (pecado original).

 Assim, concluímos que “O bem que há em mim é obra tua (Deus) mas o mal que há em mim é fruto do meu pecado”. Agostinho acrescenta que valendo-se exclusivamente de sua força sem a graça de Deus, o homem é vencido pelo pecado.

São Tomás de Aquino e a Escolástica

No século VIII, Carlos magno organizou escolas ligadas às instituições católicas, divulgando a cultura grega romana, mas com os conteúdos submetidos à teologia, o que marca o período da Escolástica (O termo vem de “escolas”).

 O representante máximo desse período foi Santo Tomás (1221/1274 d.C) cuja filosofia é considerada “preparação para a fé” além de ter uma função “apologética” (Argumento de que a fé pode ser comprovada pela razão) permitindo discutir até mesmo com quem não tem fé alguma.

 Tomás constata que Deus é o primeiro na ordem ontológica (A primeira coisa que “existe”, é Deus) mas não na gnosiológica (Não é a primeira coisa que você “conhece”). Logo, podemos deduzir sua existência por seus feitos, raciocínio que nos leva a sua Teologia - As cinco vias para provar a existência de Deus: 

·         A primeira via (do movimento) Tudo o que se move é movido por outro, mas para evitar um “regresso” infinito, devemos admitir que exista um “primeiro movimento” que não é movido por nada, esse primum movens é Deus;

·         A segunda via (da causa) Nenhuma coisa pode ser “causa” de si mesma, mas novamente, para evitar um regresso infinito, devemos admitir que exista uma causa primeira, que produz e não é produzida, tal concepção nos leva a ideia de um Deus;

·         A terceira via (da contingencia) Nem tudo pode ser contingente, mas é preciso que exista algo necessário. Ex: Uma casa só pode ser levantada depois das colunas e assim por diante,

·         A quarta via (da perfeição) Podemos deduzir níveis de perfeição e a maior delas culmina nos atributos de Deus;

·         A quinta via (da finalidade) Tudo o que existe, existe para um fim e as coisas agem de tal forma por serem ordenadas por uma inteligência, como a flecha disparada por um arqueiro. Este ordenador supremo seria Deus.

 Essas cinco vias de Tomás buscavam demonstrara a existência de Deus por meio da razão e não da “Fé”.

Podemos notar também, que esses argumentos estão calcados nas ideias de Aristóteles, o que nos mostra como a filosofia cristã buscava na filosofia “clássica” um embasamento mais racional para defender a fé cristã.

 


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